quinta-feira, 31 de julho de 2008
"O Lobo do Mar"
" Johnson parece passar todo o seu tempo livre aí ou empoleirado nas cruzetas, a ver a Ghost cortar as águas a todo o pano. Tem paixão e adoração nos olhos e anda sempre numa espécie de transe, olhando com êxtase para as velas opadas, para a esteira espumante e para o balouçar da escuna sobre as montanhas líquidas que se deslocam connosco em cortejo majestoso.
Os dias e as noites são «toda uma maravilha e uma delirante delícia» e, embora eu tenha poucos momentos livres no meu monótono trabalho, roubo uns segundos para ficar a olhar para a glória interminável daquilo que nunca sonhei que o mundo possuísse. Por cima, o céu é de um azul imaculado - tão azul como o mar, que tem a cor e o brilho do cetim. Em toda a volta do horizonte, há nuvens pálidas e algodoadas, imutáveis, imóveis, como o engaste de prata para o céu de turquesa sem o menor defeito.
Nunca me esquecerei de uma noite, quando, em vez de estar a dormir, estava deitado no castelo de proa, a olhar para a onda de espuma espectral que era lançada para o lado pela quilha da Ghost . Tinha o borbulhar de um regato que corre sobre pedras musgosas numa floresta silenciosa e a sua canção elevou-me para fora de mim mesmo..."
Jack London in O Lobo do Mar
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