Depois da chuva da véspera, o dia amanheceu cinzentão, e à medida que a manhã chegava ao fim, ainda não havia sinal de vento ou aragem de qualquer tipo.
Na Marina do Carregal ía uma actividade própria destes dias, com miúdos e graúdos a aparelhar as embarcações, as afinações costumeiras e narizes no ar à procura da tal aragem.
Aos poucos, o aparente caos do cais desvanece-se e os barcos vão entrando no seu elemento, devagar, muito devagar vão-se organizando nas imediações da linha de partida tentando não atropelar o parceiro do lado. Primeiro os mais pequenos, mas também os mais numerosos, partem vagarosamente quase só ao sabor da corrente, e assim classes atrás de classes até chegar a nossa vez. Sharpies e Vougas com o seu V altaneiro, vão fazendo o "slalom" habitual, uns com o olho no relógio, fazendo a contagem regressiva, outros tentando perceber de onde viria o melhor sítio para partir e todos, ou quase todos com os devidos cuidados para não abalroar o próximo, tentando assim evitar que estalasse algum "verniz"!
Ao som de largada, uns mais pela direita, outros mais pela esquerda, vão tentando ganhar palmos ou a tentar não os perder, a paisagem, meio enevoada é deslumbrante.
É um espectáculo único ver assim a Ria cheia de barcos, pequenos, grandes, velhos, novos, o cruzeiro é acima de tudo uma grande festa.
Este ano, à semelhança de Cruzeiros de outros tempos, os Vougas acompanharam os Cruzeiros até Aveiro onde nos esperava, diligente, um rebocador para nos levar de volta para S.Jacinto a tempo de um lanche retemperador, oferecido pela organização em local aprazível.
No dia seguinte o cenário não se alterou, muito pouco vento, com as tripulações a tentarem perceber qual seria a melhor rota, a tentarem chegar-se aos poucos locais em que sopravam brisas mínimas. E a complicar a vida aos participantes, a maré que já vazava com bastante força obrigando aos marinheiros dos barcos maiores, atenção redobrada. A Ria na maré baixa, sobretudo no canal de Ovar, é desoladora. Quem se atrever sair do exíguo canal de navegação pode contar com um encalhanço.
Aos poucos os barcos foram regressando ao Carregal, cada um com as suas estórias, fazem-se contas aos tempos, fala-se das opções tomadas, arruma-se a tralha, este está feito.
A hora agora é de confraternização, jantar, entrega de prémios, bebe-se um copo com os amigos, diz-se bem de uns, diz-se menos bem de outros, o costume.
Aos poucos, os participantes regressam a casa, á Galiza, Viana do Castelo, Coimbra, Costa Nova, Figueira da Foz entre outras, acabou o de 2008, venha o de 2009.
segunda-feira, 28 de julho de 2008
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4 comentários:
O Nautilus, fica muito bem...
Palavras que definem com verdade o espírito do Cruzeiro.
Parabéns!
olha! um "irmão" do nosso Nautilus!!!
Este é "filho" do Edward Weston.
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