quinta-feira, 29 de abril de 2010

terça-feira, 27 de abril de 2010

segunda-feira, 26 de abril de 2010

"À maneira..."



Um fim-de-semana à maneira, a fazer vela em boa companhia em barcos com andamentos mais ou menos semelhantes e que é um prazer ver evoluir no campo de regata. Rápidos, elegantes e graciosos, tanto os Vougas como os Sharpies. Verdadeiros hinos à construção naval do distrito pois, todos os Vougas presentes e alguns dos Sharpies, foram construídos cá.




Regatas animadas, um ou dois naufrágios, saltos de vento a baralhar o jogo, muita marola e muito vento no segundo dia, grandes chuveiradas que não foram suficientes para arrefecer os ânimos competitivos.



Bom ambiente, antes, durante e depois das regatas a complementar o prazer de se andar na água. Um agradecimento ao armador do "Raquel" pelo convite, à tripulação habitual do barco pela simpatia e ao Miguel Tavares, proa do "Almagrande", pela excelente reportagem fotográfica. Venha a próxima.





Fotografias - Miguel Tavares e José Folha

domingo, 25 de abril de 2010

"Swing"










Imagens do primeiro dia de regatas na Torreira.
Fotografias de Miguel Tavares

quarta-feira, 21 de abril de 2010

"Raquel"


Sexta-feira passada saio a correr muito do trabalho e, depois de várias e diversificadas trangressões às leis da estrada, chego à Toreira onde já me esperava o armador deste menino aqui da fotografia, o "Raquel", para as primeiras apresentações. Na impossibilidade de participar nas regatas dos próximos dias 24 e 25, convidou-me a fazer parte da tripulação e é a velha história de perguntarem ao cego se quer ver..."Quando é?". Na sexta pouco ou nada se fez para além de pôr a conversa em dia e de algumas explicações prévias, combinou-se então para a manhã seguinte o aparelhar do barco enquanto maré fosse subindo e, logo que possível dar umas voltitas a aproveitar a tarde. No sábado a coisa prometia e conforme o previsto fomos aparelhando a embarcação para, logo a seguir ao almoço, hora em que já devíamos ter um palminho de água, levantar pano e fazer uns bordos. Estava um final de manhã de encomenda quando nos sentámos à mesa para uma refeição frugal, um céu azul e uma brisa apetitosa de oeste. De volta à marina, o vento já rodara para sul e com ele, nuvéns que não enganam ninguém, baixas, inchadas e mortinhas por nos estragar o dia. E estragaram... num instante já chovia em S.Jacinto e de lá até nós era uma pressinha, começou com uns ameaços mas não tardou a cair certinha, forte até.
Foi a tarde avançando e ela cair, mais conversa, cigarros e cafés e os barcos em seco já com uma maré altamente convidativa a umas voltas.
Já ao final da tarde parou a chuva e o vento e os barcos navegaram 20m em cima dos atrelados do sítio onde tinham sido aparelhados para onde ficaram estacionados...nada mal!
Ou seja, no próximo fim-de-semana vou participar com um barco onde nunca entrei e com uma equipa que não conheço, só espero que a "Lei de Murphy" não o seja pela sua infalibilidade.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

"Sea Fever"



I must down to the seas again, to the lonely sea and the sky,
And all I ask is a tall ship and a star to steer her by,
And the wheel’s kick and the wind’s song and the white sail’s shaking,
And a grey mist on the sea’s face, and a grey dawn breaking.

I must down to the seas again, for the call of the running tide
Is a wild call and a clear call that may not be denied;
And all I ask is a windy day with the white clouds flying,
And the flung spray and the blown spume, and the sea-gulls crying.

I must down to the seas again, to the vagrant gypsy life,
To the gull’s way and the whale’s way where the wind’s like a whetted knife;
And all I ask is a merry yarn from a laughing fellow-rover
And quiet sleep and a sweet dream when the long trick’s over.

John Masefield

quarta-feira, 14 de abril de 2010

"Sea of Sails"








"Ria"



"Mergulharam ambos num silêncio que estava de acordo com a paisagem.Tinham pedido o pequeno-almoço para o quarto e acabavam de o tomar na varanda. O domingo amanhecera sob um lençol de névoa que mais uma vez lhes fazia evocar a adolescência naquelas praias, à espera que o sol abrisse depois do meio-dia. Respiravam o ar húmido da ria com uma sensação de clandestinidade, como se aquele mato cinzento os escondesse do mundo exterior e os protegesse de toda a gente, das ameaças da vida terrestre.
- Parece que estamos num barco.
Ela concordou. Sim, parecia-lhe que estavam os dois sozinhos num barco, mas num barco sem remos nem motor, nem leme, nem velas. Um barco à deriva , que apenas vogasse ao sabor das águas num grande lago estagnado, envolto num nevoeiro tão espesso como o que pouco a pouco fora cobrindo as suas vidas, sem que os deixasse descortinar uma saída. Era talvez uma antevisão da eternidade, o prenúncio de um tempo já sem tempo, em que o passado e o futuro pareciam flutuar à superfície daquela água invisível que os rodeava."
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Fernando Pinto do Amaral in Fim-de-Semana

sexta-feira, 9 de abril de 2010

quinta-feira, 8 de abril de 2010

"Memórias do Tejo"

"Lisboa é bonita. Está ainda para nascer o primeiro insensível que no alto de Santa Catarina não arregale os olhos de espanto diante da formosura dum panorama que a natureza se não gaba de ter repetido.

Entre a investida castelhana do Doiro, em cima, e o esquivo namoro do Guadiana, em baixo, Portugal merecia a visita calma e demorada dum grande curso de água que, sem ajuda de noras, lhe matasse a sede, e, sem leixões, fosse um porto de abrigo.



A secura do corpo pedia refrigério; a agressão do oceano, protecção das vagas. Quis a sorte que assim fosse e o Tejo abrisse no calcário estremenho um estuário largo e majestoso, fundo e aconchegado, que, depois de magoar os montes, os transformasse em miradoiros de sonho.



E de cada colina onde a gente se debruça é um pasmo sem limitações, que abrange o céu e a terra na mesma agradecida emoção. Sobre a toalha límpida do rio cai luz a jorros duma lâmpada hialina, escondida no teto azul do cenário; e o movimento ritmado das embarcações, o perfil recortado do casario e o enquadramento dos longes, arredondam a beleza da tela, dando-lhe realidade.



E, quer queira , quer não,o espírito fica rendido a uma benção de cor, de grandeza e de harmonia."



Miguel Torga in Portugal
Fotografias - Artur Pastor

terça-feira, 6 de abril de 2010

sábado, 3 de abril de 2010

"Les Nuits"


Castanhas do Pará, pistachos do Irão, Cajú brasileiro, foie-gras francês, Emmental suiço, Manchego espanhol e salpicão minhoto a fazerem as honras de abertura, bem acompanhados por um tinto do Alentejo por uns, genebra Inglesa por outros. Azeitonas de Elvas, nozes da Macadâmia, amêndoas de Foz Côa
No caril pontificavam camarões Indianos e especiarias sabe-se lá vindas de onde, acompanhado por um arroz do Suriname e, para refrescar o palato, um vinho do Douro feito por um énologo australiano que estagiou em Bordéus. A fechar a contenda, receita anglo-saxónica de bolo de queijo, folar do Vale de Ílhavo e cafés das mais exóticas proveniências. Arábicas e Robustas da Jamaica, da Colômbia, Sumatra e Java.
O remate faz-se com digestivos com o carácter das terras altas da Escócia, feitos com cevada canadiana, transportada por um barco Russo construído na Polónia, com bandeira do Panamá e pertença de uma sociedade anónima sediada nas Ilhas Caimão.
Pescadas que vêm do Chile de avião, um Porto na Terra do Fogo, um Saké bebido na Cidade do Cabo por um judeu Americano em demanda das pedras do brilho absoluto. Bacalhau da Noruega, lavagantes do Maine, espargos do Peru, vinhos Austríacos, salmão do Alaska.
Ainda não será este fim de semana que darei uma volta no barco feito com Tola cortada no Uganda e mogno da Costa do Marfim. Viva a globalização.
Fica a Marilyn porque continua a ser bastante global.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

"Arte de Navegar"


Vê como o verão
subitamente
se faz água no teu peito,
e a noite se faz barco,
e a minha mão marinheiro.
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Eugénio de Andrade