terça-feira, 29 de setembro de 2009

"Tempus Fugit"


Ainda ontem eu me lamentava que o Verão dos dias longos, ensolarados e passados ao redor do barco nunca mais chegava e ele num piscar de olhos foi-se. O calor continua convidativo a umas velejadas óptimas pela Ria, que nesta época nos presenteia com dias habitualmente mais calmos que os meses anteriores. As nortadas de Agosto dão lugar a ventos mais mareiros e dóceis, e a Ria fica com uma atmosfera quase surreal. Há no ar, em certos dias, uma poalha dourada que encanta quem nos visita e quem a conhece melhor. Sabe-me bem sentar no fundo do barco e deixar-me levar ao sabor da fantasia, embalado pelo chapinhar do casco.
É tempo também de tratar do barco, pintar e envernizar as esmocadelas de dias mais atribulados e fazer um ou outro melhoramento.
Os Vouguistas, quase sem excepção, têem um orgulho enorme nos seus barcos e ainda bem que assim é, gostam de se apresentar com eles impecáveis e tratam-nos como se fossem da família. A maior parte deles ostentam nomes de familiares, não será por acaso.
Alguns passam de geração em geração e com eles a paixão de navegar num barco fantástico.
No próximo fim-de-semana, nas águas da Costa Nova poderemos vê-los a competir no Campeonato Nacional da classe. Fica o convite aos amantes e aos curiosos destas coisas.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

"Requiescat in Pace"


Não sei se terá sido sol a mais na moleirinha ou alguma retrancada mais violenta com efeitos secundários, mas um dos proas da embarcação vai mesmo embarcar na vida de casado. Tentei tudo mas falhei, o rapaz não me deu ouvidos e preferiu o canto da sereia. Um bocadinho mais a sério, desejo-lhe publicamente as maiores felicidades. Ao amigalhaço do peito e proa de primeira água, um grande abraço.
Estão abertas as inscrições para uma vaga na tripulação do Almagrande...
Espero que não.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

"Um Toque de Classe"









Quando eles embarcam soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam, sedentos
Querem arrancar, violentos
Carícias plenas, obscenas

Chico Buarque in Mulheres de Atenas

domingo, 20 de setembro de 2009

"Regata Cenário"


Chegámos à Torreira com a traquitana toda, debaixo de um céu que tanto ameaçava chuva, como a seguir abria, a prometer uma tarde solarenga. O vento, a soprar fraquinho de Oeste, fazia antever uma tarde sem grandes sobressaltos. Depois de uma noite longa e duma manhã fastidiosa encafuado numa sala, a ouvir uma igualmente fastidiosa formadora a debitar informação desinteressante, uma tarde repousante precisava-se. A Torreira voltou à calmaria, depois das enchentes do S.Paio, na ria não se via vivalma. Aparelhámos o barco e apontámos a Norte com uma brisa certinha que, ajudados pela maré, nos pôs num instante na Varela e pouco depois nas imediações do campo da regata. Enquanto esperávamos a chegada das restantes embarcações, encalhámos o barco numa beira lodosa de um juncal e disfrutámos da beleza envolvente e da tarde calma.
Os restantes regateiros aparecem, pontuais, e os barcos cumprem o programa agendado, em regatas animadas, equilibradas e sem lenha partida. O vento fez o seu papel mas foi caindo com a tarde e quando voltámos à Torreira, era apenas uma brisa ténue, que a custo nos fazia vencer a corrente. A muito custo lá conseguimos levar o barco até ao cais e, quando acabámos as amarrações, a Ria era um espelho sem que algo se movesse.
Uma belíssima tarde de vela, um passeio óptimo e o prazer, entre outros, de ver o "Cisne" a voltar às lides. Gostava de lhe ter tirado umas fotos mas as pilhas da máquina recusaram-se a colaborar, há-de haver mais ocasiões.
Fica uma palavra de incentivo prá Cenário, continuem o bom trabalho.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

"Bolinas"



O estai bate, e bate, à espera da hora, protesta ensarilhando escotas e chicoteando quem se aproxima. Ao largar, as velas ganham forma e um desejado silêncio aparece, o barco mostra o seu carácter.
Orço para Norte, o barco arregaça as mangas e mostra a sua nobreza.

"Regata da Cenário"


No próximo sábado, dia 19, realiza-se a III Regata Cenário para barcos clássicos. Aos que navegam em Vougas, Andorinhas, Snipes, Sharpies e quejandos, fica o convite a engrossarem a frota. Pena que no mesmo dia se realize na Costa Nova a regata "Dou mais tempo à vida", em apoio às actividades da Liga Portuguesa Contra o Cancro.
Duas boas razões para não ficar em terra. Navegar é Preciso!
Site do Centro de Vela da Costa Nova - http://www.cvcn.pt/agenda/detalhe.asp?id=162

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

"O Cruzeiro Revisitado"

No segundo dia do Cruzeiro, era este o panorama à suposta hora em que deveríamos ter largado. Uma calmaria absoluta, a fazer desesperar os que aguardavam uma brisa em S. Jacinto e os que aguardavam uns quilómetros mais a Norte para bater umas chapas.

Enquanto a Norte alguns esperavam a passagem dos barquinhos, a Sul, junto ao local da largada, esperávamos a nossa vez com um olho na brisa leve e outro no parceiro do lado. Aqui, numa fotografia roubada ao Helder, a bordo do Vouga "Aventura", pode-se ver o "Narceja", que carrega nos seus ombros muitos cruzeiros e muitas milhas de bons serviços na Ria. Foi construído no mesmo estaleiro que o "Almagrande" pelos mesmos, quarenta e muitos anos antes.

Na véspera, com a tal brisa preguiçosa, que em dias normais acorda por volta da hora do almoço, vogamos Ria abaixo, pelo canal de Ovar, comigo a enfiar-me na "sombra" do Cuca. Os outros a andar e nós sem podermos fazer grande coisa, valeu a boa disposição da tripulação do Cuca e as suas provocações espirituosas. Fernando, esse barco é um Bentley!

Na volta pra Ovar, com um patilhão que teimava em não baixar, acompanhado de dois proas que insistiram em mostrar os peitorais à plateia que nos acompanhava da ponte, numa condenável manobra propagandistica . A bolina está fraquinha mas vai ter que melhorar, pró ano estamos lá.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

"Vintage Sailing"










"Era a voz da onda da proa: Dá-me vento e eu dar-te-ei milhas!"
Bernard Moitessier, Cabo Horn: A Rota Lógica

domingo, 6 de setembro de 2009

"S.Paio da Torreira"







Ó milagroso S. Paio,
Ó milagroso santinho;
Pró ano eu cá voltarei
Lavar-vos todo em vinho

Fotografias coligidas por Sérgio Paulo Silva

"Telltales"



A manhã de tão calma não fazia adivinhar o rasgadinho da tarde, a proporcionar uma festa com bastante adrenalina aos convivas do aniversário da A.N. da Torreira. Darts em quantidade e qualidade, três Vougas e um Andorinha a representar os seus. Alguns lasers e poucos optimists a compôr o ramalhete, os cruzeiristas da NADO com o entusiasmo habitual.
Embora mais parca de barcos que em anos anteriores, não deixou de ser uma bela tarde de vela, intensa, com o Norte a soprar fresco com rajadas de grande luxo, a exigir atenção às tripulações.
A Ria, encapelada, divertiu-se a pregar grandes chuveiradas aos dos barcos mais pequenos. Atracados ao cais estão as visitas da Avela, em peregrinação que se saúda ao S.Paio.
Dividimos o percurso com a regata de bateiras, que se fazia em sentido ligeiramente contrário ao nosso, mas que teve a virtude de apreciarmos de bastante perto a mestria dos acérrimos regatistas. À chegada ao cais, um café é o remate certeiro para uma bela tarde.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

"Viva a Ria"








Até pró ano, venha o próximo.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

"Cruzeiro 09"


Acordo mais rápido do que seria supôr para um fim-de-semana, é dia de cruzeiro. É um dia especial, haja que regatas houver durante o resto do ano, é especial e tem um carisma que só a sua longevidade e o local onde é realizada explicam. São dois dias especiais, diferentes, em que vencer é importantíssimo mas não primordial, dois dias de vela tão cheios que não cabem em duas linhas de prosa mal amanhada. O segredo, presumo eu, está , para além da beleza cénica, nas variantes que se vão perfilando aos concorrentes. Todos os anos ouvimos todos nós a queixar-nos dos sequeiros a norte da Varela e damos conosco a pensar na melhor maneira de os fintar. Todos os anos temos a dúvida de ir pela Béstida ou mais junto ao mar, e faz pensar os que lá estão.
É uma regata única, que orgulha quem a faz e quem a promove, tem a patine cinquentenária de algo a quem se desculpam erros crassos e uma ou outra imprecisão.
O silêncio antes da largada será igual à angústia do guarda-redes antes do penalty.
Largar ao segundo zero ou lançar-se no segundo zero.
O barquinho avança, as bigodaças à proa dizem-me que vou a andar bem, ponho o spi ou não? A equipa vai na perfeição e estamos com o vento ideal para os Vougas mostrarem o seu melhor.
À viragem para Aveiro, a cambadela corre a preceito e o barquinho mostra o que vale, acelera num largo de boa memória.
Chegar a Aveiro é das coisas mais sensaboronas que há, vai-se lá porque tem que se ir.
No regresso a S. Jacinto ainda se viu o Delmar Conde a passear o seu F1 pelo meio dos regateiros. Pujante!
Depois de cortar a meta e duma boleia providencial, o barco descansou à sombra das tramagueiras. Outro dia virá.

"Vougas no Cruzeiro"

A par com o "Zinda", o mais bonito dos Vougas, o "Cuca". Se António Gordinho teve o seu auge estéticamente, atingiu-o com este barco. A fotografia não o revela mas é o meu preferido.

O "Almagrande" ao virar da esquina do Moranzel.


O "Beatriz"em grande forma.


O "Zinda" e o "Rigoletto" em grande estilo, perto do Moranzel.


A simpatia da tripulação do "Zinda" é o espírito do Cruzeiro.