quinta-feira, 31 de julho de 2008
"O Lobo do Mar"
" Johnson parece passar todo o seu tempo livre aí ou empoleirado nas cruzetas, a ver a Ghost cortar as águas a todo o pano. Tem paixão e adoração nos olhos e anda sempre numa espécie de transe, olhando com êxtase para as velas opadas, para a esteira espumante e para o balouçar da escuna sobre as montanhas líquidas que se deslocam connosco em cortejo majestoso.
Os dias e as noites são «toda uma maravilha e uma delirante delícia» e, embora eu tenha poucos momentos livres no meu monótono trabalho, roubo uns segundos para ficar a olhar para a glória interminável daquilo que nunca sonhei que o mundo possuísse. Por cima, o céu é de um azul imaculado - tão azul como o mar, que tem a cor e o brilho do cetim. Em toda a volta do horizonte, há nuvens pálidas e algodoadas, imutáveis, imóveis, como o engaste de prata para o céu de turquesa sem o menor defeito.
Nunca me esquecerei de uma noite, quando, em vez de estar a dormir, estava deitado no castelo de proa, a olhar para a onda de espuma espectral que era lançada para o lado pela quilha da Ghost . Tinha o borbulhar de um regato que corre sobre pedras musgosas numa floresta silenciosa e a sua canção elevou-me para fora de mim mesmo..."
Jack London in O Lobo do Mar
quarta-feira, 30 de julho de 2008
segunda-feira, 28 de julho de 2008
"Cruzeiro da Ria"
Na Marina do Carregal ía uma actividade própria destes dias, com miúdos e graúdos a aparelhar as embarcações, as afinações costumeiras e narizes no ar à procura da tal aragem.
Aos poucos, o aparente caos do cais desvanece-se e os barcos vão entrando no seu elemento, devagar, muito devagar vão-se organizando nas imediações da linha de partida tentando não atropelar o parceiro do lado. Primeiro os mais pequenos, mas também os mais numerosos, partem vagarosamente quase só ao sabor da corrente, e assim classes atrás de classes até chegar a nossa vez. Sharpies e Vougas com o seu V altaneiro, vão fazendo o "slalom" habitual, uns com o olho no relógio, fazendo a contagem regressiva, outros tentando perceber de onde viria o melhor sítio para partir e todos, ou quase todos com os devidos cuidados para não abalroar o próximo, tentando assim evitar que estalasse algum "verniz"!
Ao som de largada, uns mais pela direita, outros mais pela esquerda, vão tentando ganhar palmos ou a tentar não os perder, a paisagem, meio enevoada é deslumbrante.
É um espectáculo único ver assim a Ria cheia de barcos, pequenos, grandes, velhos, novos, o cruzeiro é acima de tudo uma grande festa.
Este ano, à semelhança de Cruzeiros de outros tempos, os Vougas acompanharam os Cruzeiros até Aveiro onde nos esperava, diligente, um rebocador para nos levar de volta para S.Jacinto a tempo de um lanche retemperador, oferecido pela organização em local aprazível.
No dia seguinte o cenário não se alterou, muito pouco vento, com as tripulações a tentarem perceber qual seria a melhor rota, a tentarem chegar-se aos poucos locais em que sopravam brisas mínimas. E a complicar a vida aos participantes, a maré que já vazava com bastante força obrigando aos marinheiros dos barcos maiores, atenção redobrada. A Ria na maré baixa, sobretudo no canal de Ovar, é desoladora. Quem se atrever sair do exíguo canal de navegação pode contar com um encalhanço.
Aos poucos os barcos foram regressando ao Carregal, cada um com as suas estórias, fazem-se contas aos tempos, fala-se das opções tomadas, arruma-se a tralha, este está feito.
A hora agora é de confraternização, jantar, entrega de prémios, bebe-se um copo com os amigos, diz-se bem de uns, diz-se menos bem de outros, o costume.
Aos poucos, os participantes regressam a casa, á Galiza, Viana do Castelo, Coimbra, Costa Nova, Figueira da Foz entre outras, acabou o de 2008, venha o de 2009.
sexta-feira, 25 de julho de 2008
terça-feira, 22 de julho de 2008
"Bluenose"
Sugeriram uma competição entre pescadores, ideia logo aproveitada por um jornal de Halifax que ofereceu um troféu, o International Fishermen's Race, a ser disputado com os barcos e os homens que habitualmente pescavam nos Grandes Bancos, americanos e canadianos.
"Cruzeiro da Ria 2008"
É já este fim-de-semana, a grande festa da Ria está de volta. Com a primeira partida prevista para as 11.45 h de sábado na Marina do Carregal e com chegadas, na Torreira para os Optimist, restantes classes em S.Jacinto e dos Cruzeiros em Aveiro. No dia seguinte inverte-se o trajecto e a primeira largada está prevista para as 10.30 em S.Jacinto...esperemos que o vento ajude!
domingo, 20 de julho de 2008
"Orgulha-se a Pátria de tal Gente"
quinta-feira, 17 de julho de 2008
"Aveiro"
quarta-feira, 16 de julho de 2008
"Moonbeam of Fife"
domingo, 13 de julho de 2008
"Nortada"
A tarde vai-se e fica a Nortada, velha amiga que por vezes chateia mas, aos amigos perdoa-se tudo, fazem parte de nós.
quinta-feira, 10 de julho de 2008
quarta-feira, 9 de julho de 2008
"Mar Morto"
"A chuva veio com fúria e lavou o cais, amassou a areia, balançou os navios atracados, revoltou os elementos, fêz com que fugissem todos aqueles que esperavam a chegada do transatântico. Um homem na estiva disse, ao companheiro, que ia haver tempestade. Como um monstro estranho um guindaste atravessou a chuva e o vento, carregando fardos. A chuva açoitava sem piedade os homens negros da estiva. A chuva passava veloz, assoviando, derrubando coisas, amedrontando as mulheres. A chuva embaciava tudo, fechava até os olhos dos homens. Só os guindastes se moviam negros. Um saveiro virou no mar e dois homens caíram nágua. Um era jovem e forte. Talvez tivesse murmurado um nome naquela hora final. Não era uma praga, com certeza, porque soava docemente na tempestade. O vento arrancou a vela do saveiro e levou-a para o cais como uma notícia trágica. O bôjo das águas se elevou, as ondas bateram nas pedras do cais. As canoas no porto da Lenha se agitavam e os canoeiros resolveram não voltar naquela noite para as cidadezinhas do Recôncavo. A vela do saveiro naufragado caiu no quebra-mar e então se apagaram as lanternas de todos os saveiros, mulheres rezaram a oração de defuntos, os olhos dos homens se estenderam para o mar."
Jorge Amado in Mar Morto
terça-feira, 8 de julho de 2008
segunda-feira, 7 de julho de 2008
sábado, 5 de julho de 2008
"Nocturno"
Os homens encarniçavam-se despejando baldes de água nas braçadas da linha desdobrada, para a não deixar arder; um remador, de facalhão nas unhas, preparava-se para cortar aquele cordão umbilical da vida ou da morte, à primeira coca ou excesso de fundura tomado pelo monstro na agonia; a canoa, fina e aguda na água, com as pazinhas aladas como uma vespa suspensa, vogava coroada por grandes salseiros de espuma, de popa quase no céu."
Vitorino Nemésio in "Mau Tempo no Canal"
quinta-feira, 3 de julho de 2008
"Maus Prenúncios"
A Nau "Portugal" foi mais do que este rocambolesco bota-abaixo, aqui fica um link para um completíssimo blog dedicado ao tema, da autoria do Eng. Senos da Fonseca -http://nauportugal.blogspot.com/