"Eu nasci (...)ao que suponho na proa de alguma bateira,fui baptizado, à mesma hora, nas águas da nossa ria, abriram-se-me os ouvidos ao som cadencioso dos remos no mar, ao pio estrídulo das famintas gaivotas, ao praguejo inocente dos pescadores. Encheu-se-me o peito, à nascença,do ar salgado da maresia (...). Nós (...) somos feitos, dos pés à cabeça, de ria, de barcos, de remos, de velas, de montinhos de sal e areia, e até de naufrágios.Se nos abrissem o peito, encontrariam lá dentro um barquinho à vela (...). Assim (...), com os beiços a saber a salgado, a pingar gotas de ria por todo o corpo, por toda a alma,eu sou uma nesga, embora minúscula, desta deliciosa aguarela (...),eu sou um pedaço da nossa terra".
D.João Evangelista de Lima Vidal - 1952
excerto retirado do livro de Alexandra Farela Ramos - Murtosa-fotomemória 2
terça-feira, 22 de abril de 2008
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