Tinhamos preparado, aqui o escriba e os escravos de serviço ao blogue, dois apontamentos sobre a Arte Xávega, o anterior e um que também se publicou no Youtube, filmado na Praia de Mira nos anos Oitenta. Apareceu entretanto um outro, filmado na mesma praia uns quantos anos antes, que só peca por estar incompleto. Junto-lhe algumas palavras de Egas Moniz, retiradas do seu livro "A Nossa Casa", algumas recordações da sua primeira passagem pela Praia da Torreira.
"Depois, no regresso, o costumado banho. O mar continuava ruim, mas ia decrescendo o desmando das ondas alterosas, prometendo próximos dias de pesca. Diziam os entendidos que havia sinal de sardinha. Uma companha, suponho que a do arrais Sebolão, arrostou o mar, ainda agitado, no lanço das 11 horas. O barco com as cordas e as redes, correu o perigo, com a sua proa arqueada e a sua meia quilha, afrontando as águas. Daí a momentos ele desaparecia no vale das ondas para surgir altaneiro no dorso das vagas e voltar a ocultar-se da vista dos que o seguiam com ansiedade. Isto durou longos minutos. Em certa altura viu-se o arrais a fazer grande esforço para atacar de frente as ondas que, se batessem de flanco, poderiam voltar a embarcação. Mas vinham outras traiçoeiras, de ressaca. Logo correu pela classe piscatória que havia barco em perigo. Tudo apareceu na praia. Não ficou viv'alma nos palheiros. Também saímos a ver o que se passava. Parecia que a população decuplicara. Era uma vozearia vibrante que penetrava pelos ouvidos até às almas angustiadas. Velhos a clamarem, mulheres a barafustarem, crianças a chorar..."
3 comentários:
Mais uma pérola e ainda por cima adornada com um texto de Egas Moniz!Obrigado ao escriba e aos escravos de serviço ao BLOGUE.
Boas JC, expliquei-me mal. Este já estava no Youtube, e não posto por nós. Mas concordo consigo, é uma pérola.
Obrigada pela transcrição!
(é que não consigo aceder ao YouTube...)
Um abraço!
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