Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.
E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.
Sophia de Mello Breyner
3 comentários:
E porque é quase meio dia quando estou a escrver este comentário....
MEIO DIA
Meio dia. Um canto da praia sem ninguém.
O sol no alto, fundo, enorme, aberto
Tornou o céu de todo o deus deserto.
A luz cai implacável como um castigo.
Não há fantasmas nem almas,
E o mar imenso solitário e antigo
Parece bater palmas.
Sophia de Mello Breyner
Muito bonito, mas para quem prefere outros géneros literários à poesia.
Visito e aprecio muito o "Navegar é Preciso! e tive o atrevimento de o linkar , tal como o Marco sou um amante do Mar , do Vento e dos Barcos. Vou concerteza acompanhar a construção do "Fife"... Agradeço a divulgação do Mareantes!!
Saudações nauticas.
Baluarte
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