"Mas eu cantei «Hark the Herald Angels Sing» em galês,numa capela remota no Dia de Natal,comi tarteletes de limão com um velho escocês que nunca esteve na Escócia,mas que fez as suas próprias gaitas-de-foles e veste um kilt para jantar.Fiquei em casa de uma ex-diva suiça que casou com um camionista sueco e que vive no mais remoto dos vales de toda a Patagónia,tendo decorado a casa com murais do lago Genebra.Jantei com um homem que conheceu Butch Cassidy e outros membros do bando Black Jack.Brindei à memória de Luis da Baviera com um alemão cuja casa e estilo de vida estão mais de acordo com o mundo dos irmãos Grimm.Discuti a poética de Mandelstam com uma médica ucraniana sem as duas pernas.Vi a estancia de Charles Milward e fiquei instalado com os peões,bebendo mate até às 3 da manhã..."
in- Bruce Chatwin's biography
segunda-feira, 31 de março de 2008
terça-feira, 25 de março de 2008
" The Twelves "
Classe criada em 1907,baseada numa fórmula matemática em que o resultado final teria de ser igual a doze metros,o que daria origem a várias interpretações consoante os valores em equação.Os barcos variavam entre os 60 e os 70 pés entre outras medidas que incluíam,largura,altura do mastro,calado e área vélica.Participaram nos Jogos Olímpicos de 1908/12/20,tendo tido uma visibilidade maior ao serem escolhidos para a Taça América.Seria não só uma época de mudança nos barcos mas também o fim de uma época em que FIFE,NICHOLSON,ANKER e HERRSHOF foram o expoente máximo em design náutico.Entre 1958 e 1987 tiveram direito ao palco maior da vela de competição.Barcos de inegável beleza que continuam a ter enorme popularidade entre os amantes dos clássicos
sexta-feira, 21 de março de 2008
Cais da Ribeira
Sr.José,faz-me um Vouga?Disse-me que sim e que me iria fazer um desenho!Passados dois ou três dias presenteou-me com uma maquete á escala 1/10,dizendo-me;"...leve para casa,veja bem e ponha defeitos..."Assim fiz,passei um fim de semana a tentar encontrar pontos que não me agradassem tanto,tendo-a entregado como a tinha recebido."E mesmo isto sr.José,não mexa em nada...".Hoje,depois da obra feita,teria modificado um pormenor..erros na interpretação das escalas...
E faze-lo como,e com quê?A minha ideia inicial era ele ser construído em Cedro Brasileiro,cavernas em Freixo e rebitado a Cobre como era usual...trinta anos antes!
"nem diga uma coisa dessas que ainda nos mandam prender.."brincava o mestre Zé,"..eu já nem sei onde tenho o caldeiro..." infelizmente tinham deixado de fazer as cavernas dos barcos cozendo ao vapôr e vergando a madeira,que depois de seca e colocada no sitío,dava aos barcos uma rigidez estrutural óptima.Também tive que abandonar a ideia do Cedro porque depois de milhentos telefonemas e pesquisas na net,não conseguia arranjar mais do que meia dúzia de tábuas manhosas ou Cedro nacional cheio de nós.Optámos então por fazer toda a parte estrutural do barco em Carvalho Francês e o casco em Tola,que por serem mais fáceis de encontrar nos davam mais possibilidades de escolha.Nos pontos sujeitos a esforços mais violentos,utilizaram-se madeiras mais rijas,Carvalho,Cambala e Faia.No convés,para dar algum contraste e quebrar a monotonia da Tola usou-se Mogno.
Ao longo de quase nove meses corri para Pardilhó,quase diariamente,onde me deliciei com a qualidade do trabalho dos Mestres,quem conhece o sítio e as pessoas,sabe do que falo.Sessenta e muitos anos de experiência,de conhecimentos adquiridos,de paixão pelo bem feito,pelo pormenor e sobretudo pela qualidade de construção.Nove meses que ampliaram a minha admiração por estes homens que com ferramentas que muitos achariam arcaicas,continuam a fazer de um monte de tábuas,os sonhos de outros.
E faze-lo como,e com quê?A minha ideia inicial era ele ser construído em Cedro Brasileiro,cavernas em Freixo e rebitado a Cobre como era usual...trinta anos antes!
"nem diga uma coisa dessas que ainda nos mandam prender.."brincava o mestre Zé,"..eu já nem sei onde tenho o caldeiro..." infelizmente tinham deixado de fazer as cavernas dos barcos cozendo ao vapôr e vergando a madeira,que depois de seca e colocada no sitío,dava aos barcos uma rigidez estrutural óptima.Também tive que abandonar a ideia do Cedro porque depois de milhentos telefonemas e pesquisas na net,não conseguia arranjar mais do que meia dúzia de tábuas manhosas ou Cedro nacional cheio de nós.Optámos então por fazer toda a parte estrutural do barco em Carvalho Francês e o casco em Tola,que por serem mais fáceis de encontrar nos davam mais possibilidades de escolha.Nos pontos sujeitos a esforços mais violentos,utilizaram-se madeiras mais rijas,Carvalho,Cambala e Faia.No convés,para dar algum contraste e quebrar a monotonia da Tola usou-se Mogno.
Ao longo de quase nove meses corri para Pardilhó,quase diariamente,onde me deliciei com a qualidade do trabalho dos Mestres,quem conhece o sítio e as pessoas,sabe do que falo.Sessenta e muitos anos de experiência,de conhecimentos adquiridos,de paixão pelo bem feito,pelo pormenor e sobretudo pela qualidade de construção.Nove meses que ampliaram a minha admiração por estes homens que com ferramentas que muitos achariam arcaicas,continuam a fazer de um monte de tábuas,os sonhos de outros.
quarta-feira, 19 de março de 2008
domingo, 16 de março de 2008
Mau Tempo no Canal
Durante quinze anos fui cavaleiro profissional,desbastando,trabalhando e apresentando dezenas de cavalos das mais variadas raças,cores e feitios.Quis o destino,e os resultados que ia conseguindo que me dedicasse mais aos nossos lusitanos,que nem caíam muito nas minhas preferências visto serem pouco atléticos e por isso menos capazes para certo tipo de desportos equestres.No entanto apanhei uma época de mudança,em que alguns criadores começaram a utilizar reprodutores visando unicamente uma melhoria dos aspectos funcionais,negligenciando por vezes o maior atributo da raça,a sua beleza.O balanço foi negativo porque as melhorias funcionais não conseguiram fazer esquecer a falta de beleza dos mesmos.Isto a propósito de quê?Assiste-se nos dias que correm a um interesse renovado pelos "VOUGAS",barcos que estavam esquecidos há muito são restaurados,outros feitos de raiz,dando visibilidade a uma classe que parecia condenada á extinção.No entanto,a ausência de regulamentos e a "campeonite" deram origem a interpretações que visam unicamente o aumento das performances dos barcos sem respeitarem as suas características fundamentais.Desde o aumento desmesurado da área vélica,alterações ao formato dos cascos,permissão à construção de barcos que não nos materiais tradicionais,têm transformado um barco de recreio numa máquina de regatas em que os fins justificam os meios.Assim como nos "LUSITANOS" em que excessos estavam a conduzir a uma descaracterização da raça,temo que o mesmo se esteja a passar com os "VOUGAS".
sábado, 15 de março de 2008
Charlie Barr
Foi durante 97 anos o recordista da invencibilidade na Taça América,até aparecer um tal de Russell Coutts..!Criando em Inglaterra uma reputação de "skipper" ganhador,é contratado em 1899 por J.P.Morgan para tripular o seu barco "COLUMBIA" na defesa da taça.Adopta a nacionalidade americana e participa em mais duas edições da prova,nunca perdendo qualquer regata.Relatos da época exaltam a facilidade com que Barr tripulava aquelas "Flying Beasts",o conhecimento perfeito dos seus barcos,assim como os dos adversários.Em 1905,tripulando a escuna "ATLANTIC" faz a travessia entre os Estados Unidos e Inglaterra em 12 dias e 4 horas,record que duraria 75 anos.
Requiem pela Ria de Aveiro
Ó Ria do vento norte,
Tempo bom,tempo de verão,
Ria do vento suão
Invernos de frio e morte!
Ria da brisa breve,
Ria da brisa breve,
Vinda do leste,abrasada
Ria da água estanhada
Sem uma ruga,ao de leve!
Ó bela Ria de Aveiro,
Quem te não viu,não te teve!
Ria de verde profundo
Ou espelho de prata pura
Ria azul,morna doçura,
Ou cinzenta cor-de-chumbo;
De rosa,na madrugada,
De sépia,nos temporais
Aço polido,os canais
De leite,se enevoada!
Ó bela Ria de Aveiro
Quem te não viu,não viu nada.
Ó Ria dos salineiros,
Dos pescadores,das bateiras,
Das regatas marinheiras
Dos velozes moliceiros
Ó Ria já condenada,
Por venenos que te despejam
As fábricas que te rodeiam,
Dão-te morte anunciada...!
Ó pobre Ria de Aveiro
Quem te não vê,malfadada?
quinta-feira, 13 de março de 2008
"The Spirit of Sailing"
"Who were these people so dedicated to keeping a one hundred-year-old boat alive and were able to sail them every chance they had?Were there others like them and where could i find them?In search of the spirit of sailing i went to Maine and found hundreds of people building,restoring,sailing,racing,cruising,and chartering this fantastic old boats.I soon discovered that this was not just a local scene but people all over the world were lovingly caring for all types of hand-crafted boats-from the whimsical Beatlecats to the working schooners and fishing boats,to the majestic tall ships and the ultimate sailing machines-J-class sloops.I learned that there are museums,regattas,schools,and shipyards dedicated to the education,preservation,restoration,and creation of the classic sailboat."-Michael Kahn in "the spirit of sailing"
terça-feira, 11 de março de 2008
"TUIGA"
Desenhado e construído por William Fife em 1909,"TUIGA" é mais um exemplo do génio criativo de Fife,havendo quem o considere um dos barcos mais bonitos do mundo.Tem 23,18m de comp.,4,15m de larg. e 390m2 de área vélica.Em 1995 sofreu grandes reparações sendo hoje o porta estandarte do Yacht Club do Mónaco.
sexta-feira, 7 de março de 2008
A la recherche..
Todos os anos,pelos ultimos dias de agosto a azáfama repetia-se.Em casa dos meus avós mais parecia haver um incêndio,inundação ou catástrofe do género do que uns meros preparativos para irmos de férias.Meros não,porque na época levava-se quase tudo,ia-se e voltava-se passado um mês.Depois,lá seguíamos com o meu avô a comandar as tropas,os criados em alinho típico e a minha avó,expectante e receosa que alguma coisa tivesse ficado para trás.O primeiro dia era para arrumações,limpezas e demais actividades para que nada faltasse á prole.Depois..Férias!Eram tempos em que a praia era ainda mais medicinal do que lúdica,e em que o iodo do mar tinha uns benefícios quaisquer que me escapavam.As manhãs passavam-se invariavelmente a beira-mar,com os putos a chapinhar e os velhos,de calça arregaçada dando banho ás varizes.As tardes eram na Ria,enquanto os mais velhos iam entremeando conversa,cigarros e cafés no Guedes,á ganapada tanto dava para ir aos caranguejos com uma sardinha salgada como ir "andar de barco",porque de mergulhos estavamos conversados.Lá,davam-nos uma ideia muito básica do que era andar á vela e proporcionavam-nos tardes fantásticas.Sob o olhar atento de um homem de quem não me lembra o nome,qual "mãe ganso" olhando pelas crias,ele era ,sabíamos,a mão que nos ia buscar,caso a coisa não corresse como de esperado.Uns nos "lusitos",outros nos "cadetes",os mais espigadotes nos"snipes",por lá andávamos "cai daqui,levanta-te dacolá".E vinha o S.Paio da Torreira,com dezenas de moliceiros aconchegados na muralha,eram tempos em que se ia para o S.Paio,não se ia ao S.Paio.Quatro ou cinco dias de férias para as populações das redondezas,tal a devoção ao santo.Quatro ou cinco dias de "rusgas" na avenida,bebedeiras de proporções bíblicas e algum fogo de artifício.Depois,a anunciar o fim do verão,vinham as primeiras chuvas e tudo voltava ao seu estado primordial.Os dias cada vez mais curtos,o sol cada vez mais frio,e os mais velhos a marcar a data do regresso.Tomavam-se os ultimos banhos e faziam-se as ultimas pescarias porque o tempo escasseava.Regressávamos com a certeza de voltar.
foto-Joaquim Marques
quarta-feira, 5 de março de 2008
Sir Francis Chichester-bigger than life
Se há personagem que cative quem tem um espírito mais aventureiro ou que aspire a tal,é sem dúvida Francis Chichester.Até á grande depressão dos anos trinta,foi um empresário de sucesso na Nova Zelandia,para onde tinha emigrado com dezoito anos.De volta a casa,tenta em 1929 quebrar o record da travessia aérea entre Inglaterra e a Austrália,tendo sido o segundo homem a consegui-lo.De seguida propõe-se a circunavegar o globo a solo,quase perdendo a vida quando o seu avião se despenha no Japão.Durante a segunda guerra mundial é recrutado,em que a sua experiência de vôo é utilizada para dar formação a novos pilotos.Em 1960,participa e vence a primeira regata trasatlântica para navegadores solitários,sendo segundo quatro anos mais tarde.Em agosto de 1966,a bordo do Gipsy Moth 4,parte de Plymouth para uma volta ao mundo seguindo a rota dos velhos clippers.Rondando os três principais cabos,com apenas uma paragem em Sidney,226 dias depois estava de volta tendo batido vários recordes.Quando lhe perguntaram porque o tinha feito,limitou-se a responder "because it intensifies life".
segunda-feira, 3 de março de 2008
Manhasset Bay One Design
No outono de 1928, Olin Stephens desenhou o seu primeiro barco que viria a ficar conhecido como Manhasset Bay One design-MBO.Terão sido construidos uma trintena de barcos,ainda estando em utilização a maior parte deles.Tem 6.40m de comp.,1.60m de largura e 19.50m2 de área vélica.São notórias as semelhanças com os nossos Vougas,será que foi este barco que teria inspirado António Gordinho para os seus "centerboards" da Costa Nova..?Fica a pergunta.
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