Parando e, tentando perceber de onde vem o meu gosto pela Ria, pelos grandes espaços, pelos barcos à vela, por momentos únicos que só se vivem lá, no meio dela, a este barco o devo.
Construído a partir de uns planos alemães de um Jollenkreuzer, importados por Francisco Ramada e também proprietário de um exemplar, "Vareiro" de seu nome, mais conhecido pelo "Alemão".
Era pau pra toda a colher, tanto servia para ir ao Cruzeiro fazer boa figura como a fazia também a passear a famelga ao fim de semana. Foi construído no estaleiro de Mestre José da Silva, de Pardilhó, nos anos finais da década de sessenta. A ele lhe devo a descoberta do prazer de fazer vela, do prazer libertador de estar na Ria, de dia ou de noite.
A ele lhe devo ter-me mostrado outra perspectiva, a outra face da moeda. "Vivre pour vivre".
Mas também lhe devo ter-me proporcionado outros momentos inesquecíveis, bons e maus. O balanço é claramente positivo.
6 comentários:
Eu lembro-me de vêr este barco no Carregal! Quando dei as minhas primeiras velejadas na Ria!Na altura estava em muito mau estado.Espero que o tenham restaurado.Chamou-me particularmente a atenção o nome,"Asa Negra" e o Cisne, também por lá estava nessa altura.Este Post fez-me recordar bons momentos...Obrigado.
Boas JC, entretanto o Asa Negra foi vendido e recuperado pelo actual proprietário. Já não é preto mas está em excelente estado. O Cisne está a ser recuperado nos estaleiros da Ass. Cenário e não deverá demorar muito a voltar à Ria.
Também me lembro de ver este barco nas aguas da Ria de Ovar.
Que lhe aconteceu?
Boas Comandante, por vários factores o barco teve uma fase em que foi quase esquecido, ficando um bocado em mau estado. Nesses tempos foi namorado pelo actual proprietário que tinha uma admiração muito especial por ele. Contra a minha vontade foi vendido, "quem fez este faz outro.." disseram-me na altura, já não teve tempo.
O barco, hoje ligeiramente alterado e pintado de branco, está em excelente estado de conservação. Continua a fazer as delícias dos actuais donos, lá para as bandas de Ovar.
Caro Almagrande,
de facto esse barco é muito amado pelos novos proprietários. A história que lhe falta acerca desse barco posso contá-la aqui um pouquinho. Um dia ainda muito novo a velejar em optimist avisto o tão afamado asa negra, coberto com ripas de madeira e mais algum entulho. Ora eu estava em plena regata no Sporting Club de Aveiro, ( essa regata não esqueço: ganhei o 1º prémio que na altura não era uma taça. Quando vi uma série de barris para entregar como prémio fiquei muito chateado. " Ora, logo agora que fiquei em primeiro é que não me vão dar uma taça". Conclusão, era um pote de ovos moles com o qual me deliciei na viagem até Oliveira de Azeméis. Nunca mais esqueci essa regata. Vi um veleiro que queria que o meu pai comprasse e consolei-me com ovos moles.) Depois, e ainda miúdo, teria 12 anos, consegui convencer o meu pai a ir ver o barco de que todos tanto falavam, e que eu próprio já tinha andado a ver ainda no carregal quando estava muito mal tratado. O meu pai, mesmo sem saber velejar, lá levou o Mestre Zé, o mesmo que o tinha construído no final da década de 60, e este, tira uma navalha no bolso e " esforancou " o barco todo, mas no final diz-nos, Sr. Ferreira ainda temos barco. E foi aí que o "asa negra" ressuscitou. A partir daí foi a compra e depois a reconstrução. E agora é um barco diferente com quarto de casal fechado ou não à proa, quarto individual fechado à popa, wc fechado a estibordo, cozinha de recolher para baixo do convés a bombordo, e praia de acesso à água á popa. Enfim um barco modificado, actualizado e muito amado pelos actuais donos.
Adorei ver o meu barco, tal como nasceu, no seu blog Almagrande, o meu muito obrigado.
RF
RF, obrigado eupelo seu testemunho.
Um abraço e boas velejadelas.
Marco
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