(...)
O vento abençoou minhas manhãs marítimas.
Mais leve que uma rolha eu dancei nos lençóis
Das ondas a rolar atrás de suas vítimas,
Dez noites, sem pensar nos olhos dos faróis!
Mais doce que as maçãs parecem aos pequenos,
A água verde infiltrou-se no meu casco ao léu
E das manchas azulejantes dos venenos
E das manchas azulejantes dos venenos
E vinhos me lavou, livre de leme e arpéu.
Então eu mergulhei nas águas do poema
Do Mar, sarcófago de estrelas, latescente,
Devorando os azuis, onde às vezes - dilema
Lívido - um afogado afunda lentamente;
Onde, tingindo azulidades com quebrantos
E ritmos lentos sob o rutilante albor,
Mais fortes que o álcool, mas vastas que os nossos prantos,
Fermentam de amargura as rubéolas do amor!
Conheço os céus crivados de clarões, as trombas,
Ressacas e marés: conheço o entardecer,
A aurora em explosão como um bando de pombas,
E algumas vezes vi o que o homem quis ver! (...)
Arthur Rimbaud
4 comentários:
Barco ébrio... Gosto mesmo! Belíssimo!
Boas Laurus, também gostei muito. Fica um bocadinho porque é bastante extenso.
Um dia, em 73 e por conta do Rimbaud, tive de aturar dois grandes 'democratas' que queriam chamar a pide para tomar conta dos miudos que queriam dizer Rimbaud.
Um deles, um gajo porreiro', morreu há dias.
O outro, 'eles andem aí...'
Rimbaud!!!
(grande referencia) e bem traduzido... J'AIME
Celeste Campota
http://afurada.sempre.free.fr/
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