domingo, 30 de maio de 2010
sábado, 29 de maio de 2010
quinta-feira, 27 de maio de 2010
"De volta"
Depois de um interregno bastante longo, lá voltou o barquinho às lides, desta vez em digressão à Costa Nova. O desafio foi feito na noite anterior, em amena cavaqueira à borda da Ria, saboreando a noite amena, a companhia e o sítio recôndito que mais parece saído de um filme de Buñuel. Como combinado, apresentei-me na Costa de armas e bagagens com a embarcação, agora já com as melhorias feitas nos últimos tempos; fundo pintado de novo, vernizes retocados e nova armação de mastro, que obrigou a trabalhos cuidados e algo morosos. Quando refiro trabalhos cuidados mais verdade seria dizer pouco cuidados porque uma ou duas medidas básicas falharam e tivemos que nos fazer valer de soluções de recurso pró barco ir prá água.
Já a coisa estava alinhavada, fez-se uma pausa para uma passeata até à barra a bordo do "Beatriz", com um vento simpático a querer virar para sul. Depois de termos estado parte da manhã a torrar ao sol a montar e afinar o "Almagrande", soube pela vida fazer uns bordos descontraídos. Regressámos ao cais, saltámos do barco prá esplanada onde nos foi servido um arroz de polvo que retemperou forças e mereceu aplausos da tripulação, que não se fez rogada e rapou o tacho.
Ao final da tarde foi a vez do "Almagrande" ir dar umas voltas, poucas, mas as suficientes pra se notarem algumas melhorias, sobretudo nas bolinas.
Belíssimo dia, a repetir mais vezes. Este fim-de-semana, a manterem-se as previsões de tempo, será o regresso à Torreira pra mais um ou dois bordos na Ria feiticeira.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
domingo, 23 de maio de 2010
quinta-feira, 20 de maio de 2010
quarta-feira, 19 de maio de 2010
"Cruzeiro de 73"
Nunca lhe perguntei o porquê do nome do barco e do preto do casco, nunca calhou. Uma vez encontrei meia dúzia de letras que, por não terem sido usadas ficaram esquecidas lá por casa. De "Ongwe", onça num dialecto indígena angolano, passou a "Asa Negra" sem que eu saiba porquê, mas gostava de saber. Da cor imaginei-o a ler os relatos do Tabarly nos barcos sempre iguais, sempre pintados de preto. Do nome, só mais tarde o associei a um anúncio a uma "Black-Wing", a mota, naquela revista americana que libertou realmente as mulheres, de preconceitos e espartilhos.No cinzentismo da época, ler Truman Capote, Norman Mailer ou ver pinturas de Bacon ou Lichtenstein devia ser estimulante, tão estimulante quanto os arejos, habitualmente californianos, que povoavam as páginas centrais desse manual de "bons costumes"pra uns, "estrada da perdição" pra outros.
O sabor das laranjas, a luz de S.Francisco, a Golden Gate pra uma elegia à beleza.
Ficam algumas fotos do Cruzeiro de 1973 e de dois belos exemplares contruídos pelo saber das gentes, o "Joinha" por mestre António Gordinho da Costa Nova e o "Asa Negra" por mestre José da Silva de Pardilhó.
quinta-feira, 13 de maio de 2010
quarta-feira, 12 de maio de 2010
terça-feira, 11 de maio de 2010
sábado, 8 de maio de 2010
"Da taca e da unhaca"
Há bastantes anos, não seria eu mais que um projecto longínquo, havia por estas bandas dois amigos que se encontravam depois do jantar para umas partidas de bilhar no centro recreativo local, habitualmente ganhava o mesmo, e o perdedor exclamava num tom de incredulidade, " Não sei...este taco..não sei... só pode ser do taco...". O outro sorria e disparava," Não é da taca, é da unhaca!".
Mudando o registo, é sabido que os "Vouguistas" tratam bem das embarcações, da arrumação a bordo e da limpeza com que apresentam as embarcações em, ou sem público. Geralmente lavam-se antes ou depois da utilização, seja em passeio ou regata, mas o brio da equipa de que fiz parte nas regatas da Torreira achou por bem, numa manobra inédita, lavá-lo durante a regata. Manobra difícil mas executada por nós na perfeição, que logo suscitou espanto, admiração e diga-se, uma certa curiosidade pela forma acrobática, atlética, circense, de lavar o barco em plena competição. No final das regatas fomos cumprimentados, pela classificação e pelo aprumo com que cruzámos a linha de chegada, de tal forma que fomos copiados no dia seguinte pela tripulação do barco que me enviou este mail. Tentaram, em vão, ter a nossa graciosidade a baldear o barco, resta-me uma palavra de incentivo para que não deixem de ir treinando tal manobra. Não é fácil!
Neste caso não foi da unhaca, foi mesmo da taca.
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"Para a tripulação do "RAQUEL" na PAN da Torreira, relembro que até esta data a dimensão do nome da embarcação continua inalterada pelo que recomendo vivamente a execussão de novo lettring de maiores dimensões conforme acordado antes da prova. Poderão ainda optar pela oferta de uns Binóculos à tripulação do "Beatriz" se assim o entenderem.Ao Armador da embarcação resta-lhe assumir a responsabilidade de ter cedido tão bela embarcação em excelente estado de conservação, a uns "tripulantezecos" que não estiveram à altura não só da embarcação como do seu equipamento pois é de enaltecer o esforço financeiro do Armador em ter mandado executar velame novo de alta qualidade, em vão é certo, na tentativa de levar para Ílhavo a tão desejado prémio de vencedor a exemplo do que se passa na Taça América, mesmo tendo apostado num navegador local na tentativa de melhor conhecimento daquelas águas.Acho ainda que foi de mau tôm, mesmo depois de todo o esforço que o Armador teve em apresentar o barco nas devidas condições, terem ído para o meio da Ria baldear o barco como quem diz, podia ter limpo o barco para antes da Regata.Meus caros colegas, espero não levem a mal mas o prometido é devido.A bem da boa camaradagem e sã convivência entre os Vougas,Um abraço a todos."
Miguel Paião
quinta-feira, 6 de maio de 2010
"Campinos e Ílhavos"
--'Então agora como é de fôrça, quero eu saber, e estes senhores que digam, qual é que tem mais fôrça, se é um toiro ou se é o mar'.
--'Essa agora!..'
--'Queriamos saber'.
--'É o mar'.
--'Pois nós que brigâmos com o mar, oito e dez dias a fio n'uma tormenta, de Aveiro a Lisboa, e estes que brigam uma tarde com um toiro, qual é que tem mais fôrça?'
Os campinos ficaram cabisbaixos; o publico imparcial applaudiu por ésta vez a opposição, e o Vouga triumphou do Tejo.
--'Essa agora!..'
--'Queriamos saber'.
--'É o mar'.
--'Pois nós que brigâmos com o mar, oito e dez dias a fio n'uma tormenta, de Aveiro a Lisboa, e estes que brigam uma tarde com um toiro, qual é que tem mais fôrça?'
Os campinos ficaram cabisbaixos; o publico imparcial applaudiu por ésta vez a opposição, e o Vouga triumphou do Tejo.
Tenho seguido por estes dias os relatos de dois distintos membros do grupo de forcados amadores de Alhandra, vieram visitar a Ria e levaram, pelo que se pode ler, boas recordações. Lembrei-me do inverso, das minhas recordações de estadias no Ribatejo, de férias, à solta por aquelas várzeas amarelecidas no estio de Julho ou Agosto.
Pernoitava numa casa centenária de capa de revista, à entrada de Lisboa e resguardada de quem passava por muros altos e árvores imponentes. O conforto e o bom tratamento imperavam, boa cozinha e mordomias que me faziam sentir em casa.
O meu anfitrião, homem rijo e de poucas falas, fazia-me sentir à vontade e aturava as perguntas que lhe ia fazendo sobre cavalos e toiros, excêntrico e com uns olhos azuis quase transparentes que faziam transparecer uma certa dose de loucura latente.
Os dias eram passados numa herdade ali para os lados de Porto Alto, 600 ou 700 ha de recreio pra um puto que adorava aquilo, cavalos, vida ao ar livre, espaço, liberdade e a possibilidade de alguma aventura. Entregaram-me um cavalo velho, como convém a cavaleiro novo, e a única regra imposta era a de fechar cada portal que abrisse. Passava horas a deambular sozinho pela herdade, ajudava os campinos no maneio do gado, almoçava com eles uma sardinha assada, uma fatia de torricado e uma talhada de melão, vigiava-se o gado e até tive que aprender a dormir a sesta. A minha montada, o "Branquinho", que nos seus anos áureos fora o cavalo de correr lebres da senhora da casa, com a idade fora relegado para o trabalho diário, aguentava os meus excessos com uma pachorra de assinalar. Todo ele era calmo, poupado nos esforços, cada dia que passava gostava mais dele. Entrava nas tapadas onde pastavam os toiros bravos com uma calma só alterada quando eu queria mais proximidade com os bichos pretos, aí ele acordava, levantava a cabeça um bocado mais, parecia que rejuvenescia alguns anos. Avançava a custo, de orelha guiada, mas até um certo limite em que se recusava a dar mais um passo que fosse, ele lá sabia dos seus limites de cavalo velho. Se tivesse que fugir já lhe faltavam as pernas, três ou quatro cicatrizes mal curadas na garupa explicavam o comportamento.
Houve um dia que chegou um contrato de Espanha para uma corrida, onde os "Palhas" eram conhecidos pelo "Horror, Terror y Furor". Era preciso escolher escolher sete dum lote de vinte e tal toiros de quatro anos. Lá fui com o "Branquinho", junto com o resto dos campinos, muito, mas muito lentamente, juntando os bois até que eles ficaram agrupados num canto duma cerca, e a única coisa que me lembro até hoje é da tremedeira que sentia, a minha e a do "Branquinho", que tremia mais do que eu. A dois passos de nós, os toiros de olhar negro inexpressivo, amontoados como ninho de vespas metiam muito respeito. Se um resolvesse investir não haveria hipótese de fuga, pelo menos para mim. Muito calmamente, um a um, foram sendo escolhidos e separados. Naquele dia não houve nem cavalos nem cavaleiros furados mas pra mim nesse dia o Tejo "triumphou" sobre o Vouga.
domingo, 2 de maio de 2010
"Russ Kramer"
sábado, 1 de maio de 2010
"Les Nuits"
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