"Nos whiskies sempre preferi os novos, frutados, irreverentes e bruscos, ao contrário dos mais velhos, amadeirados e complexos. Já nos vinhos não haverá casamento mais feliz que o da nossa Touriga com uma bela barrica de carvalho, o resultado é quase Portugal em forma líquida. Estão lá as nossas flores e o agreste do granito, o parto difícil da terra.
Tenho um certo fascínio pela madeira e por quem a trabalha, seja o mais tosco dos carpinteiros ou o énologo mais capaz, com dúvidas existenciais sobre as suas báquicas criações.
Uns trabalham de enxó e cumprem a função, outros utilizam a plaina e o raspador, têm orgulho na obra, seja no pormenor do acabamento ou na complexidade aromática, a parte estética amarra-os ao pormenor, ao detalhe, ao que os distingue da maralha. Nas uvas ou nas tábuas.
Carvalho françês ou americano para a sobrequilha, barricas de Nacional pró tinta roriz?
São magos da madeira, que tanto nos fazem o objecto dos nossos sonhos como nos fazem sonhar com ele.
3 comentários:
Espectacular este texto. Eu tambem gosto de madeira, já fiz um beiral, um telheiro e duas grandes mesas em casa.Já quase que comprei um veleiro em madeira, quando toda a gente fazia coro para que não fizesse essa loucura. Só não avancei porque alguem tinha feito uma reparação no costado e assim misturado várias qualidades de madeira e eu perdi a confiança. Ainda tenho umas pranchas em casquinha que já têm destino.
Eu também tenho fascínio pela madeira e por quem a sabe trabalhar.Os veleiros para mim podem ser de plástico, aço,madeira,ferrocimento, alunínio, etc.mas os interiores...é o que mais me cativa num veleiro,cativa-me e de que maneira os interiores em madeira como se faziam antigamente.Quanto aos Whiskies...também prefiro um bom tinto touriga nacional :) Bom texto Almagrade.
Madeira? Acho que têm um bom vinho por lá.
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