sexta-feira, 29 de maio de 2009

"Spray"


"Esta minha construção literária vai fazer-se ao mar, no modelo e armação originais, carregada com a narração dos estranhos acontecimentos ocorridos num lar flutuante. O construtor, marinheiro há muitos anos, poderia ter carregado o barquinho, por assim dizer, com uma carga de sal, em vez de tão ousadamente se intrometer nos domínios dos navegadores da borda de água. Pudesse ao menos o autor e construtor virar de bordo, à maneira dos velhos lobos do mar, ai de mim! e esperar que o perdoassem!
Que importa que a corrente nos seja contrária? Se estiver a favor, somos por ela levados, mas para onde, ou para quê? A rota de toda a viagem é tão insignificante que pouco interessa, talvez; e afinal, onde quer que se vá, o que importa é a felicidade de se viver mais um dia no mar! É isso que torna feliz o velho marinheiro, mesmo na tempestade; e que o mantém cheio de esperança, ainda que agarrado a uma tábua no meio do oceano. Sem dúvida, é só isso! porque a beleza espiritual do mar, que conquista a alma do homem, não admite infiéis nas suas extenções sem limites."
Joshua Slocum in Sózinho à Volta do Mundo

3 comentários:

Laurus nobilis disse...

Bonito texto...

jc disse...

Curioso...ando novamente a lêr este livro e estou a gostar mais agora do que da 1ª vez!Na 1ª vez não gostei muito da maneira como ele se referiu ao Potuguês no porto dos Açores mas agora até lhe acho uma certa piada.

garina do mar disse...

bem, por acaso acho que este livro devia ser proibido...
o homem fez tanta asneira, foi tão inconsciente e mesmo assim teve tanta sorte que dá a ideia que construir um barco e ir por aí à volta do mundo é uma coisa facílima!!!
que até eu ;))