sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

"Beside Seaside"

"Sol de oiro. Na frente da praia três muralhas de ondas que ninguém podia atravessar. E para lá dessas ondas que saltavam e corriam, em bandos de cavalos brancos, o mar liso como vidro, com aquela cor de pescarejo que não engana: -


«Houvesse um portinho de abrigo, um muro que nos defendesse, já a fome era menos. Mas nem uma pedrazinha mexerem... E a gente, quando ganha, paga impostos como os mais...»


Os pescadores olhavam, calculavam os «rasos», os intervalos das ondas, para verem se dariam tempo, se podiam arriscar... Mas viravam costas, desanimados. Alguns metiam-se para o fundo escuro das tabernas onde ainda tinham crédito, pondo à mão a garrafa que levavam à boca; outros juntavam-se dentro dos barcos em seco nas ruas e nas praças.


Raros grupos de mulheres, de capa pela cabeça, encostadas às parede, olhavam o mar, onde, ao longe passavam os barcos que vinham de qualquer terra do sul, onde havia uma doca, «um portinho de abrigo...»


Os rapazitos, que costumavam encher a praia com o seu alarido e bricadeiras, tinham desaparecido. Só um ou outro vagueava sem companheiros."
Fotografias -Estúdio Horácio Novais
Escritas - Branquinho da Fonseca
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