Aqui o bloguinho, situo-o algures entre Braga e Nova Iorque, como o outro catalogava a sua música, tanto sou sensível às 600 milhas cumpridas em 24 horas pelos melhores da Volvo Ocean Race como acho de uma beleza notável um moliceiro ou uma bateira a bolinarem com um vento fresco de noroeste. A destreza das tripulações é de se lhes tirar o chapéu, pela forma como tiram tudo ao barco, pela atenção constante nas afinações, pela escolha da equipa e pela coragem. A competição por algo que, a maior parte das vezes , não vale cinco tostões, cria sensações nos intervenientes que são impagáveis, o prazer pelo prazer. A afinação do barco, o metro que se ganha, o grito de amuras que vem do barco ao lado, a constante tentativa de optimizar o desempenho consoante as condições, faz com que alguns gostem da competição até morrer. É a emoção do barco, do vento quase sempre inconstante, que nos faz ganhar ou perder metros sem que saibamos muito bem como, que nos dá vontade de morder o próprio fígado por não termos escolhido determinado bordo, um olho no nosso e outro no barco ao lado. Pra quem anda na Ria contra vento, aquele pequeno ângulo quase imperceptível, pode fazer a diferença, muita mesmo.
A competição é tanto melhor quanto mais renhida for, metro a metro, centímetro a centímetro se possível, ganhar sem oponência deixa um certo amargor de boca.
Uma das melhores, talvez a regata que maior prazer me deu foi uma com um 470 de uns espanhóis, de férias, puramente veraneantes, e que com um sorriso que não precisa de grandes explicações desafiou-nos pra dois ou três bordos revisitáveis.
Durante meia hora andámos por ali a jogar ao gato e ao rato, atrás de não sei o quê, apenas pelo prazer de ganhar um metro ao outro.
Não os cheguei a conhecer, mas gostava.
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