sábado, 31 de dezembro de 2011
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
"Les Nuits"
Chego a casa e a noite fria faz-me pôr mais dois ou três cavacos no borralho que se esvai. Atiço o lume e penso no fim inglório da árvore que vai entregando a alma ao criador.
Ela crepita, protesta, como se tivesse alguma coisa para dizer, até se resignar numa chama tão calma como foi a sua existência. Este carvalho, e os irmãos que bordejam um caminho fresco junto ao rio que passa cá por casa, sempre foram admirados e respeitados pelo porte, pela idade, pela nobreza e pelo gesto bonito de se passar à próxima geração um bonsai com cem ou duzentos anos.
Este, menos afortunado, nasceu e cresceu de braço dado com o rio, que o alimentava por um lado, que lhe matava a sede quando todo o resto já amarelava, mas que no seu lento processo erosivo, ia-lhe ditando o fim.
Como que atraiçoado pelo amigo de sempre, tombou de maduro e no seu lugar ficou um buraco centenário e a tristeza de ver um colosso destes vergar-se.
Na herdade do Mouchão, há dois tonéis mágicos que, aliados à mestria humana, fazem vinhos improváveis, madeiras exóticas a dar carácter a vinhos nacionais. Árvores provenientes sabe-se lá de onde, continuam a dar uma complexidade a um dos nossos embaixadores.
Não foi em vão que cairam, estão vivas.
Cada vez que olho para o barquinho, para o tabalho que está lá feito, mais respeito os artesãos que perpétuam o sonho dos homens, e já agora, o das árvores, se é que têm um.
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
sábado, 17 de dezembro de 2011
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
"Bravo!"
"O fotógafo Nuno Sá, radicado nos Açores, continua na senda dos prémios, fazendo valer a sua especialização em vida marinha selvagem: desta feita, conquistou o primeiro prémio de uma das categorias principais do Epson World Shootout, considerado o maior concurso mundial de fotografia subaquática: a foto de um tubarão azul, junto ao banco submarino “Condor”, venceu a secção “Grande Angular”, adiantou a Lusa.
Além da vitória, Nuno Sá teve também direito a uma menção honrosa com uma fotografia de jamantas (da família das raias), tirada junto ao banco submarino "Princesa Alice", nos Açores."
Fonte - Jornal Público
domingo, 11 de dezembro de 2011
"Lavar dos cestos"
Este ano resolveu a direção da APCV, e bem, organizar um jantar de Natal para os sócios e amigos que habitual ou esporádicamente fazem parte das tripulações, nas várias regatas ao longo do ano. Foi bom o repasto, a conversa, as provocações habituais, reviver a época, reencontrar amigos destas guerras. Durante o jantar, iam passando fotos do último Campeonato Nacional, muitas e boas, que ajudaram à festa. A repetir, sem dúvida! Do DVD com as fotos, oferecido a cada embarcação, escolhi umas quantas de momentos mais intensos, de trabalho de equipa, de um dia trabalhoso mas que deixou boas recordações.
domingo, 4 de dezembro de 2011
"Sad Sunday"
Parte-se em mim qualquer coisa. O vermelho anoiteceu.
Senti demais para poder continuar a sentir.
Esgotou-se-me a alma, ficou só um eco dentro de mim.
Decresce sensivelmente a velocidade do volante.
Tiram-me um pouco as mãos dos olhos os meus sonhos.
Dentro de mim há um só vácuo, um deserto, um mar noturno.
E logo que sinto que há um mar noturno dentro de mim,
Sabe dos longes dele, nasce do seu silêncio,
Outra vez, outra vez o vasto grito antiquíssimo.
De repente, como um relâmpago de som, que não faz barulho mas ternura,
Subitamente abrangendo todo o horizonte marítimo
Úmido e sombrio marulho humano noturno,
Voz de sereia longínqua chorando, chamando,
Vem do fundo do Longe, do fundo do Mar, da alma dos Abismos,
E à tona dele, como algas, bóiam meus sonhos desfeitos...
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Excerto da "Ode Marítima"
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
"Saudade"
Vogar ao sabor sabor do vento é o passatempo mais democrático que há, ele está aí, é de borla e só pede que o entendam. Que não peçam demais dele em dias de preguiça, nem que lhe peçam que se acalme em dias de inqueietação.
Aos caprichos dele estamos habituados, e gostamos...vamos para a água e seja o que ele quiser.
Sabe bem chegar o fim de semana e encostarmos a carcaça à almofada, deixar-nos embalar num qualquer programa vespertino de TV, e quando dermos por ela, estamos enfiados outrra vez no trabalho que abominamos. Sabe melhor levar uma coça do vento Sul, ou Norte, e depois de uma grande molha e do barquinho resguardado, beber uma cerveja como se fosse a última, petiscar uns tremoços como se fossem o mais fino beluga, reviver cada refrega com vontade de voltar.
Fotos - M. Khan
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