terça-feira, 30 de agosto de 2011

"Cruzeiro da Ria"


O barquinho voltou ontem à garagem depois do dever cumprido, hoje foi limpo e arejado...mais arejado que limpo, a vontade para grandes limpezas faltou. O fim de semana foi comprido e atribulado, o corpinho ressentiu-se um bocado e cedeu à sorna e à preguiça. Na sexta à tarde, já em Ovar a aparelhar a embarcação, um ventinho que toda a gente da zona conhece, avisava que ia soprar fresquinho no dia seguinte. Barquinho na água, para se poder prolongar um bocadinho a noite da véspera, que não costuma ser nada fácil. Iam chegando caras conhecidas, algumas que só se voltam a ver no ano seguinte, outras mais habituais, as carrinhas dos clubes da região com os barquinhos dos miúdos empoleirados uns nos outros, começam a sair as primeiras cervejas e as primeiras combinações para meter as conversas em dia, seja mais uma cerveja, seja para o "Jantar da Táctica", num gosto de partilhar experiências e antecipar o que seguirá no dia seguinte. "Vento...não! Vai estar uma bufazinha.."
Como era previsível, a noite, e falo por mim, não foi nada fácil... a táctica originou discussões acesas e prolongadas explanações na esplanada, e uma sede tropical explica em parte a falta de sono e pouca vontade de alguns tripulantes recolherem ao aconchego do lar, ou do beliche. Festa é festa e alguns ainda ainda arranjaram forças para irem descontrair até ao centro, ou ao bar de praia mais próximo. Eu limitei-me, inspirado por uma conhecida equipa de futebol do norte, a ir verificar se andava algum elemento da minha tripulação tresmalhado. É dura a vida de armador! 
  

 

No sábado, ao raiar das onze, quando voltei à Marina do Carrregal, já era a grande azáfama habitual, putos esfuziantes, algumas dores de cabeça da véspera, baldes de café e cisternas de águas para hidratar alguns corpinhos mais necessitados. O ventinho ia crescendo à medida que se chegava a hora da largada, e soprava de maneira a chegar pra todos. Depois foi o grande gozo Ria abaixo, com ele a soprar entre a popa rasa e o largo, sempre a soprar frescote, com os barquinhos a planarem na marola e a darem grande gozo.
Só depois da Pousada da Ria amainou um bocado, a tarde já caía num entardecer a adivinhar menos vento para o dia seguinte.


O domingo acordou meio manhoso, encoberto e fresco, mas acabou por ser um fantástico dia de vela, calor e vento na conta certa, um passeio de volta a Ovar.Vento mareiro, que como costume foi rodando para norte, mas sem ficar ponteiro, a não castigar a rapaziada. A regata foi feita pela maioria num único bordo entre S.Jacinto e o Carregal, num cortejo náutico lindo, com um cenário fantástico, com um vento que foi morrendo a anunciar o fim da festa. Não foi o fim da festa, seguiu-se o tradicional jantar e entrega de prémios, o repasto merecido entre amigos, pessoas que gostam da Ria, de barcos e de vento.
Belo Cruzeiro, venha o próximo.
 Fotos- Joaquim Marques

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