sexta-feira, 19 de setembro de 2008

"Ironias do destino"

"Quanto a mim julgo que não se pode sair de borda desde que se vá com atenção. Se nos deslocamentos e nas manobras, houver o cuidado de ter sempre à mão uma coisa a que se agarrar, não creio que um vagalhão obrigue a largá-la. Ao governo, porém, está-se mal escorado. Quando, de repente, o adernamento é grande chega-se a ficar quase na vertical e a cana do leme não é um ponto de apoio. Em muitos barcos até, um grande adernamento brusco pode acompanhar-se de um safanão da cana do leme que pode derrubar-vos. É-se volteado pela cana do leme e cai-se no mar por sotavento. Se se teve a sorte de não largar o leme, pode talvez subir-se para bordo. No caso emergente, é muito mais provável que o larguemos. Nas águas, muitas vezes frigidas, do Atântico Norte, quase que não se deve ter tempo para refletir: morre-se de frio muito rápidamente. Esta perspectiva seduz-me o menos possível confio na volta do tirador da escota bem dada em torno dos meus rins."

Eric Tabarly in "TABARLY- o navegador solitário"

2 comentários:

António Cândido disse...

Eric Tabarly foi um dos maiores dinamizadores da vela, com um currículo impressionante. Deixou-nos a prova da dimensão que temos, em que a tela se apaga quando menos esperarmos, por mais que consideremos que dominamos um assunto…
Bem haja pela sua memória e pelo que nos deixou, que nos faz navegar e continuar a acreditar!
Um abraço,

AC

garina do mar disse...

pelos vistos... ou se esqueceu da volta do tirador da escota ou ela afinal não era de confiança!!