quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

"So Long"

Estou triste, chateado, acabrunhado. Morreu ontem alguém de quem eu gostava, tinha sentença marcada, ela sabia-o, enquanto andava em bolandas, de hospital para hospital, de tratamento em tratamento, até nos breves momentos que passava em casa.
Das últimas vezes que a vira, os olhos não enganam, os olhos eram de alguém conformado, alguém inteligente que sabe exactamente o que sente, as melhoras que tardam, o queimar dos últimos cartuchos. Casada com um elemento da tripulação do Almagrande, sempre teve a maior paciência para aturar os nossos devaneios, os seus lanches pró Cruzeiro eram já uma tradição que cumpria com gosto. A morte raramente é justa, mas vermos pais a enterrar os filhos é aínda mais triste.
Miguel, aquele abraço. The show must go on.

pintura- Diego Rivera

3 comentários:

joao madail veiga disse...

Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.
Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He Is Dead,
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.
He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last for ever; I was wrong.
The stars are not wanted now: put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood,
For nothing now can ever come to any good."

W H Auden

António Cândido disse...

Perder quem amamos desta forma, na pessoa do Miguel em particular, terá que significar algo mais, bem mais do que a perda.
São estes os anjos que nos guiam, seguem na frente para nos ensinarem o caminho... são "Almas Grandes!..."
Um abraço forte a todos, sentimos muito.

h ventura disse...

A propósito da pintura de Diego Rivera lembro também Frida Kalo, um casal fascinante, ela doente quase toda a vida, depois de um gravíssimo acidente ainda muito nova, tiveram no entanto o seu tempo e construiram um ideal de modernidade, de fogosidade criativa onde a arte e a vida se confundem. O sofrimento e a felicidade, alternativa incontornável da vida.
Um abraço.